quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

3 comentários:

Unknown disse...

"- Eu quero explicar tudo, tudo, tudo! Oh, sim! Os senhores acham que sou utopico? Ideologo? Oh, nao, eu, juro, so tenho ideias muito simples... Nao acreditam? Estao rindo? Sabem, as vezes eu sou um patife porque perco a fé; ha pouco eu vinha para ca e pensava: "Bem, como é que eu vou comecar a falar com eles? De que palavra devo comecar para que compreendam ao menos alguma coisa?". Como eu temia, no entanto temia mais pelos senhores, é um horror, um horror! Mas, por outro lado, poderia eu temer, nao seria uma vergonha temer? Qual é o problema se para um homem avancado existe um sem-fim de homens atrasados e maus? A minha alegria consiste justamente em que agora estou convencido de que nao ha nada desse sem-fim, mas um material todo vivo! Nada de ficar perturbado também com o fato de que somos ridiculos, nao é verdade? Porque é realmente assim, nos somos ridiculos, levianos, cheios de maus habitos, sentimos tédio, nao sabemos olhar, nao sabemos compreender, ora, todos nos somos assim, nos todos, e tanto os senhores quanto eu, quanto eles! Porque os senhores nao vao ficar ofendidos pelo fato de eu estar lhes dizendo isso na cara, dizendo que somos ridiculos! E sendo assim, por acaso os senhores nao sao material? Sabem, a meu ver, ser ridiculo é as vezes até bom, até melhor: é mais facil perdoar uns aos outros, é mais facil fazer as pazes; nao se vai compreender tudo de uma vez, nao se vai comecar diretamente pela perfeicao! Para atingir a perfeicao é preciso primeiro nao compreender muita coisa! E se compreendemos muito rapidamente, entao vai ver que nao compreendemos bem. Isso eu estou dizendo aos senhores, que ja conseguiram compreender muita coisa e... e nao compreender.(...)"
O Idiota (Fiodor D.) - Quarta Parte - Capitulo VII - Pagina 615.

"Sábio é o que se contenta com o espectáculo do mundo,
E ao beber nem recorda
Que já bebeu na vida,
Para quem tudo é novo
E imarcescível sempre.

Coroem-no pâmpanos, ou heras, ou rosas volúteis,
Ele sabe que a vida
Passa por ele e tanto
Corta à flor como a ele
De Átropos a tesoura.

Mas ele sabe fazer que a cor do vinho esconda isto,
Que o seu sabor orgíaco
Apague o gosto às horas,
Como a uma voz chorando
O passar das bacantes.

E ele espera, contente quase e bebedor tranquilo,
E apenas desejando
Num desejo mal contido
Que a abominável onda
O não molhe tão cedo."
Fernando Pessoa, Ricardo Reis. Ricardo Reis, Fernando Pessoa.

Lembrei de voces dois.
Me perdoem a falta de acento do primeiro texto, mas limitacoes tecnologicas me impossibilitam.

Cris* disse...

man! vc vai no dave com a gente? sim sim simmmmmmm

Cris* disse...

o comentário era para o leo, mas voltei para dar oi pro kapetão tb!!

e o descontruindo o freezer, vai rolar?

bjs